quarta-feira, 14 de abril de 2010

Santuário

Minhas oferendas aos deuses que do alto nos vêem,
a cada lua que se anunciava, expunha-as em meu santuário
Incensos e flores, velas e preces, morrendo de amores
baldios
permaneciam caladas, amuadas, extenuadas.


Adormecidas, talvez
esperando o momento único e oportuno
em que algum deus se compadecesse e detivesse ali seu olhar.

Uma orquídea colhida por mim também jazia ali
esperando que a tomassem como se fosse meu coração
e, por compaixão transformassem meus sonhos acordados
em atos realizados.

Mas o tempo passou e a orquídea se trasformou
Eu também, enluarada, resolvi transgredir
Decidi construir meu santuário em teu corpo
e nele tatuei minhas oferendas.

Não mais a deuses de repentes e por demais incoerentes
Mas ao meu deus, que dorme comigo
todas as noites, com ou sem lua.

E foi somente dessa maneira que consegui
... o que sempre pedi.

Karla Julia

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