quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pura Poesia, NaldoVelho, Pura Poesia !

MULHER ENXERTADA DE OUTONO
NALDOVELHO


Mulher enxertada de outono
necessita sonhar noite e dia,
usa ervas colhidas sem pressa
maceradas na dor de um poema
que um louco lhe ousou ofertar.

É mestra em extrair da vida o remédio
para as dores que alma esconde
e vive de semear benzeduras
que desfazem poderosos feitiços
engendrados nas sombras que há.

Mulher enxertada de outono
é ótima parideira de versos,
conhece os segredos das almas,
a linguagem intrincada dos ventos
e o mistério das águas do mar.

É mestra em revelar novos caminhos,
sutil como o fio de uma navalha,
preciosa como um entardecer solitário...
Maresia da orla, nostalgia se apressa,
chega pra uma conversa sob a luz do luar.

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