segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

MEU CASO PORTEÑO



Podem me chamar de vira-casaca, Judas, vendida, a primeira que correu, seja o que for.
Pero lo que siento quando cá estoy es más fuerte do que
sinto quando ouço a bateria da minha Escola de Samba preferida passar.
É mais intenso do que sinto quando mergulho sete vezes no mar para
presentear Yemanjá.
Quando o avião desde nesse chão, que para mim é solo sagrado, e onde finalmente achei meu re-canto,
Deixo a Cidade Maravilhosa de lado e só tenho ojos para aquela que me toca o coração como o som de um bandoneón.
E meu estrogêneo eleva-se 50 níveis acima do mar.
Minha feminilidade fica dez vezes mais intensa quando ouço Cortázar.

Compro um batom rojo, pongo un vestigo negro, perlas y salgo para una noche de musica, amor y lunas.
Nessa hora. 50 estrelas cadentes cortam o céu de Buenos Aires.
Sinto uma brisa caliente que me traz do passado a voz de meu pai, me dizendo para não me esquecer de comer las papas fritas.
Juntos, caminhamos de mãos dadas até a" Corrientes 348, segundo piso ascensor ",onde ele me abraça e me promete que sempre estará comigo.
Eu o abraço e nessa cidade dos Bons Ares, a voz do meu pai ecoa até hoje.

Karla Julia

Buenos Aires, janeiro 2012.



"Las calles de Buenos Aires", foto by Karla Julia

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