sexta-feira, 7 de agosto de 2015

HENESSY: UMA OBRA DE ARTE PARA BEBER OU GUARDAR

Em meio a tantas novidades no mundo dos vinhos, licores e aguardentes, valeria uma justa recordação da França, com todas as suas melhores tradições. Uma delas é o genuíno Cognac, aguardente obtido através da destilação do vinho de cepas brancas, envelhecido em barris de madeira nobre, procedentes de uma região demarcada, com o mesmo nome. São vários os exemplares daquela zona, com êxito garantido entre os consumidores do mundo inteiro há muitos anos. Mas haveria que ressaltar um rótulo de conteúdo excepcional: Henessy.
                                                                           
                                                                         


Além de todas as suas edições singulares, como o VS, o VSOP, o XO, o Paradis Extra, o Private Reserve, o Timeless, o Privé e o Black, todas com  garrafas que são verdadeiras obras primas de repercussão internacional, é necessário ter presente uma em especial, suntuosamente elaborada para celebrar o centenário de nascimento de Kilian Hennessy, patriarca da sexta geração sucessória do fundador da marca.  A mistura esteve a cargo de um Maître Blender de nome Yann Fillioux. Foi trazida a publico em 2007 e até hoje permanece inigualável. Sua embalagem singular provém de dez anos de trabalho dos mestres da Cristaleria Baccarat, que elaboraram a garrafa e os quatro copos adornados com folhas de ouro que a acompanham. Tudo montado dentro de um verdadeiro cofre, feito em alumínio, de beleza radiante, concebido pelo artista francês Jean-Michel Othoniel. Dentro de uma gaveta secreta há também um livro, ricamente encadernado na cor cinza metálico, que conta a história da marca, adornado com gravuras da Belle Époque e por fotografias em preto e branco de mulheres famosas, que foram símbolo de beleza durante o Século XX.
                                                                 
                                                                                    


O conteúdo lacrado da garrafa, imponente e sem qualquer rótulo exterior, advém da combinação de uma centena das melhores eaux-de-vies existentes na fábrica francesa, a mais velha de 1907, todas procedentes da coleção pessoal dos fundadores da empresa. Pode-se, assim, sem qualquer interferência, constatar a nobre coloração da bebida, cujo dourado envelhecido estimula tanto o consumo imediato quanto o desejo de mantê-la para futuras gerações.

Seu nome: Beauté du Siècle ou Beleza do Século. O preço: US$ 220 mil. Mas por que tão caro? Primeiro, em função do seu ‘blend’ excepcional. Segundo, pela apresentação icônica da bebida e seus complementos. Terceiro, por seu significado em termos de colecionismo internacional. Não há como não admirar e se fascinar pelo conjunto da obra, considerando que foram produzidos apenas cem exemplares.


Como se sabe, a história do renomado e sofisticado cognac francês começou em 1765 quando o capitão Richard Hennessy, um irlandês católico que servia as forças armadas francesas, fundou uma empresa produtora na cidade de Cognac, à margem direita do Rio Charente, para armazenar seus mais raros brandies. Inspirado pela decorativa maçaneta da janela de seu escritório, ele criou a famosa garrafa do VS (Very Superior), primeiro produto da marca, que viria a se tornar um símbolo do segmento. 

O produto foi exportado pela primeira vez em 1794, para os Estados Unidos, que acabava de tornar-se independente. O nome Hennessy & C° foi adotado somente em 1814. O reconhecimento internacional viria pouco depois, em 1817, quando Georges IV, rei da Inglaterra, encomendou à Henessy um exemplar especial três anos antes de ser coroado, em 1820, o célebre Very Superior Old and Pale Cognac.

Atualmente, depois de oito gerações de sucesso, a luxuosa marca capitaneada por Maurice Henessy, que pertence ao poderoso grupo francês LVHM, proprietário também da Moët et Chandon, vende aproximadamente 50 milhões de garrafas de cognac por ano, representando aproximadamente 40% do mercado mundial. O faturamento supera anualmente US$ 1 bilhão. 
                                                                        

                                                                               


A propósito do tema, é bom os aficionados começarem a reavaliar os custos dos Romanée-Conti, dos Brunello di Montalcino, dos Château Latour, Margaux, Lafite e Mouton Rothschild, dos Petrus, dos Barca Velha, dos Alma Viva e dos Catena Zapata, entre outros vinhos elevados à categoria de muito caros nas últimas décadas. Aos que ainda podem se espantar com os preços praticados na comercialização dos grandes aguardentes, não seria demasiado destacar os valores individuais das dez bebidas de excelência, consideradas as mais caras do mundo na atualidade (com especial destaque para a de nº 8, um copo apenas, servido no The Movida Club de Londres, composta por pequenas doses de Cognac Louis XIII (Remy Martin), Champagne Cristal Rosé (Louis Roederer), Amargo de Angostura,  açúcar mascavo e flocos de folhas de ouro com 24 quilates): 

1. Henri IV Dudognon Heritage Cognac – US$ 2 milhões

2. Russo-Baltique Vodka – US$ 1,3 milhão

3. Diva Vodka Premium– US$ 1,060 milhão

4. Mendis Brandy – US$ 1 milhão

5. Spluch Tequila – US$ 250 mil

6. Henessy Beauté du Siècle – US$ 220 mil

7. The Macallan Fine&Rare Vintage 1926 – US$ 75 mil

8. Single Cocktail ‘Flawless’- US$ 71 mil

9. Wray&Nephew Jamaican Rum 1940 – US$ 51 mil

10. Krug Champagne Vintage1928 – US$ 21 mil


                                         Silvio Assumpção

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