domingo, 10 de janeiro de 2016

O TEMPO PERDIDO - de Szyman Bin Moshen

O TEMPO PERDIDO
             
               I  

Dentes cerrados
Rostos torcidos
Só se vê o que não é
Que foi assim fabricado
Só se vê ódio na faísca dos olhos
A vendeta em gestação
e depois em curtição
Pronta para se soltar
E alimentar sua gêmea
Que é irmã ou mesmo prima
Se alimentando mutuamente
Até mutuamente morrer
Não se vê o outro porque dele se esconde
Mostrando sempre aquilo que não se é
O medo de encontrar afinal
O gêmeo de sua alma ou de seu coração

 - agosto de 2013 -  
Szyman Bin Moshen


O TEMPO PERDIDO 
             
               II 

A caminho de Damessek
Está um trem parado
Com muita gente na estação
Esperando chegar em Damessek
Um caminho tão curto
Tão fácil de cruzar
Um caminho tão bonito
Tão fácil de gostar
Lá no meio, insensível
A carcaça desbotada de um tanque
Sem cor e sem bandeira
A lembrar do erro sem  perdão
Da escolha do gatilho
Ao invés do volante condutor
O trem? Quando afinal ele vai partir?

 -agosto de 2013-
Szyman Bin Moshen


O TEMPO PERDIDO 
         
         III  

Oh! leite e mel
Que não se sente o aroma e o sabor
Oh! frescor da madrugada
Calor do sol
Inspiração na lua
Que não se percebem no meio do caos
Que venham os poetas e músicos
Teimosos em desafiar os poderosos canhões
A desmontar as minas escondidas
E encontrar os caminhos da Paz

A criança nada sabe
Das botas que esmagam sem dó
Dos botões que se apertam sem humanidade
E vai sendo pelo ódio sugada
Para o desperdício de sua própria existência
Caminhando com verdades que nunca foram
Nem mesmo necessárias foram
Ao contrário, verdades desprezíveis
Verdadeiras mentiras fabricadas
Esta sim a única verdade neste ciclo de violência
Que tem equação igual
A Gentileza gera Gentileza
Porque Ódio gera Ódio
Amor gera Amor
Assim é o livre arbítrio
Ódio não gera Amor
Amor não gera o Ódio
É fácil

– setembro de 2013-
Szyman Bin Moshen


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