quinta-feira, 23 de agosto de 2018

MARGUERITE DURAS



Os primeiros romances de Marguerite Duras (1914-1996) são ainda textos tradicionais.

Contudo em "Un barrage contre le Pacifique", "Le marin de Gibraltar", "Les Petits Chevaux de Tarquiminia" e "Le Vice-Consul" vemos uma constante modificação em sua maneira de escrever. Ela também escreveu roteiros de cinema como "Hiroshima mon amour" e , de seu romance "L´Amant " uma verdadeira obra-prima.

                       
Como não são capazes de se comunicar de verdade, suas heroínas vivem "sem saber por que", mas esperam que "alguma coisa saia do mundo e venha até elas". Diálogos de uma aparente inutilidade (L’Après-midi de Monsieur Andesmas, 1962), podem induzir a "essas soluções ambíguas e impossíveis de se deslindar" (Détruire, dit-elle, 1969) ou apresentam personagens atingidos "por uma fraqueza essencial e mortal" (La Maladie de la Mort, 1983).
Com L’Amant e L’Amant de la Chine du Nord (1991), a escritora retorna à China dos anos 30, para nos contar da contrtadição do gozo e da dor da morte quanto do desejo sempre de escrever, Yann Andréa Steiner (1992) é dedicado a seu último companheiro, um jovem com quem viveu os últimos anos de sua vida.

Sua obra reúne quarenta romances, dez peças de teatro e filmes escritos ou realizados.
Abaixo um texto de Marguerite Duras que traduzi em seguida:

“Écrire”

“ La solitude de l´écriture c'est une solitude sans quoi l´écrit ne se produit pas, ou il s´émiette exsangue de chercher quoi écrire encore. Perd son sang, il n´est plus reconnu par l´auteur. Et avant tout, il faut que jamais il ne soit dicté à quelquer secrétaire, si habile soit-elle, et jamais à ce stade-là donné à lire à un éditeur.”

“On ne trouve pas la solitude, on la fait. la soliturde elle se fait seule. Je l´ai faite. Parce que j´ai decide que c´etait là que je devrais être seule, que je serais seule pour écrire des livres.”

“La solitude, ça veut dire aussi: Ou la mort, ou le livre.”

“Se trouver dans um trou, au fond d´um trou, dans une solitude quase totale et découvrir que seule l´écriture vous sauvera. Être sans sujet aucun de livre, sans aucune idée de livre, c'est trouver, se retrouver, devant um livre. Une immensité vide. Un livre éventuel. Devant rien. Devant comme une écriture vivante et nue, comme terrible à surmonter.”

 “Cest curieux un écrivain.C'est une contradiction et aussi un non-sens. Écrire c´est aussi ne pas parler. C´est se taire. Cést hurler sans bruit.”

"C'est l´inconnu qu´on porte en soi: écrire, c´est ça qui est atteint. Cést ça ou rien.”

Marguerite Duras, 
“Écrire”

Tradução:

“A solidão da escrita é uma solidão sem a qual o escrito não se produz, ou então se esmigalha, exangue de procurar o que escrever ainda. Perde o seu sangue, não é mais reconhecido pelo autor . E acima de tudo deve ser preciso que nunca seja ditado à uma secretária, por mais hábil que seja, nem entregue nessa fase, à leitura de um editor.”

“Não achamos a solidão, mas sim, a fazemos. A solidão, ela se faz sozinha. Eu a fiz. Porque decidi que era aqui que eu deveria estar só, que estaria sozinha para escrever livros."

"A solidão, quer dizer também: Ou a morte, ou o livro.”

“Achar-se num buraco, no fundo de um buraco, numa solidão quase  total e descobrir que só a escrita salvará você. Estar sem nenhum assunto para um livro, sem nenhuma idéia de livro, é encontrar-se, reencontrar-se diante de um livro. Uma imensidão vazia.Um livro eventual. Diante de nada. Como que diante de uma escrita viva e nua,assim terrível, terrível de ser superada.”

“É curioso um escrito. É uma contradição e também um contra-senso. Escrever é também não falar. É calar-se. É errar sem barulho”

“É o desconhecido que se carrega consigo: escrever é isso que é alcançado. É isso ou nada”

Marguerite Duras “Escrever”
Tradução:Karla Julia



Um de meus filmes preferidos é "L´Amant", baseado no romance dessa fabulosa escritora, que lhe valeu o prêmio Goncourt em 1984. 
Nele, Duras nos fala da relação que teve com o homem que lhe ensinou o significado do prazer .
O livro foi adaptado ao cinema em 1992 por Jean-Jacques Annaud.

Com um roteiro esplendoroso, uma direção de arte espetacular e tendo os personagens de Duras não poderia deixar de ser fenomenal. 

"Fala-me, diz que soube logo, desde a travessia do rio, que eu seria assim com o primeiro amante, que amaria o amor, diz que sabe já que o hei-de enganar e também que hei-de enganar todos os homens com quem virei a estar."
( "O Amante", Marguerite Duras) 

Karla Julia

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