Minha amiga querida, adorei a referência a Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, da corrente irracionalista. Quantas coisas notáveis nas suas idéias e livros.
Mas também quanto pessimismo, refletindo os tormentos de sua época.
Conta-se, inclusive, que quando envelheceu, Shopenhauer, passou a acreditar na imortalidade da alma e, dizem alguns, até na reencarnação. Mas enquanto jovem, o eminente filósofo lecionava a seus discípulos que a vida física não tinha sentido. Dizia-lhes que, não tendo sentido a vida, por que sofrer?
Havia, pois, uma solução imediata para os problemas da vida: o suicídio. Toda vez que a vida nos desfraldasse, não tínhamos porque continuar a sofrer. Deveríamos interromper a nossa vida, partindo da Terra para o nada, através do gesto corajoso do autocídio.
A mensagem pessimista do célebre pensador encontrava então guarida naqueles jovens entusiasmados e imaturos de sua época.
Certo dia, no entanto, um discípulo recém-chegado ao grupo, vindo do interior da Alemanha e ainda puro, perguntou ao mestre por que ele afinal lecionava-lhes a lição do suicídio, e mesmo tendo sofrido durante muitos anos, sendo já um homem de idade provecta, nunca tivera a coragem de praticá-lo?
E Shopenhauer, para traduzir a sua própria filosofia pessimista, respondeu-lhe, com certa ênfase, que se ele tivesse tirado a própria vida, se houvesse morto a si mesmo, quem iria poder ensinar-lhes a suicidar-se?
Era certamente uma colocação imediatista, hedonista, pela qual se recomenda aos outros aquilo que não se faz. Em que o prazer tem imediata preferência sobre todas as coisas, enquanto que para os outros é necessário oferecer uma solução simplista. Eis, neste caso, uma atitude a mais de violência, de desrespeito pela vida.
De todos os modos, a referência ao filósofo engrandece o Blog, sobretudo com análise tão linda sobre a vida nossa de cada dia, sobre os hábitos inconscientes de cada um de nós, que apenas o grandes pensadores são capazes de captar e dizer.
do amigo, Silvio Assumpção
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